Clausura



Mosaico de vidros… baços na sua maioria, deturpam o que vejo.
Fechado. Enclausurado. Encurralado.
Quatro paredes e um tecto sufocantes. Negritude que me ofusca o dia.
Sombras constantes que me arrepiam a espinha.
Ando em círculos.
Perco-me.
E não me encontro.
Do mosaico cai um vidro.
Minha visão é abençoada com a luz do divino.
Vejo de novo o horizonte.
As sombras assustam-se e encolhem-se.
A Metrópole que avisto chama por mim.
Seus ruídos ao longe consigo ouvir.
Gritos de socorro.
Gritos de desespero.
Gritos de quem se sente também preso. Embora livre nessa selva.
Caio em mim.
Remeto-me a um canto.
Apanho os cacos e reconstruo o vidro que outrora me “cegou”.
Coloco-o no sítio.
E retorno à minha doce prisão.
O aconchego da clausura conhecida, é menos tenebrosa que a busca aventureira nessa selva.
A luz apaga-se. Fim do dia. Fim da vida.
Amanhã? É outro dia.

2 comentários:

Anónimo disse...

incrível poema.....é recente ou antigo????


Psipunisher

J25 disse...

não é bem um poema... vi a foto e veio-me o texto `cabeça :) é recente