Não é muito normal, mas tenho pensado muito em sexo nas últimas semanas. E não: não tem a ver com o Verão, nem com a falta de sexo, nem com o rebarbamento, nem com o facto de as mulheres se vestirem com coisas mais audazes, nem com a praia; nem com as revistas do social - que só mostram pessoas a dizer que estão mais felizes que nunca! -, nem com as noites que agora se tornam mais longas; nem com os dias que convidam à preguiça e a essa nobre arte de não fazer nada. Nada disso!
Tenho pensado muito em sexo porque estou a desenvolver uma tese que defende esta ideia: até provas em contrário, toda a gente gosta de «sexo à bruta»! E não pensem que o digo de forma leviana. Pelo contrário! Nos últimos dias refugiei-me num mosteiro para os lados da Serra da Arrábida e, munido de enciclopédias várias, de ligação rápida à internet e do registo de longas conversas com seres humanos iguais a nós, cheguei a esta conclusão: todos gostam, mas poucos são os que o admitem. Ou por simples pudor ou porque simplesmente ninguém tem nada a ver com isso. E não tem.
Mas a verdade é esta: o «sexo à bruta» existe e é habitualmente posto em prática pelos seres mais conservadores e reservados e, obviamente, por aqueles que há muito perceberam que sem ele não se vai a lado nenhum. É como andar na auto-estrada nos limites de velocidade estabelecidos: cumpre-se a lei - é certo! - mas parece que não saímos do mesmo sítio. Talvez por isso, o «sexo à bruta» carrega no pedal a fundo, não liga aos radares, não usa cinto e fala ao telemóvel durante a condução.
- Então e o amor? Onde fica no meio de tudo isto? - Perguntarão. Já cá faltava esta inquietante interrogação! O amor não tem nada a ver com isto, porque se pode amar de forma autêntica e verdadeira e, no entanto, expressar esse mesmo amor desta forma. Uma amiga minha confidenciou-me isto:
- O meu namorado gosta muito de mim, mas é muito querido! Percebes? Pensa que o amor é apenas fazer aquilo!
E não é? Esperem lá: pode ser aquilo, mas não é só aquilo, se é que me faço entender. O acto em si deve ser entendido como uma imponente orquestra em que todos os instrumentos tocam e os violinos se destacam numa chiadeira tal que nos lembram a maldita cama, que teima em fazer mais barulho do que seria suposto. Confessem: quantos de nós já fomos para o chão para não acordar os vizinhos? Sejamos francos: quem é que não se importa com o barulho da cama e não sonha com o dia em que se inventará uma com silenciador? Quantas foram as vezes em que fomos obrigados a tapar a boca da nossa parceira com um pano de cozinha, que era o que estava mais à mão?
É claro que haverão alguns que dirão que não, que nunca o fizeram. Mas esses são precisamente aqueles sobre quem recairão mais tarde comentários pouco abonatórios sobre serem «molinhos» - ou, pior ainda: «Demasiado queridos!» - por parte das respectivas namoradas, o que, convenhamos, não pode ser. É muito bonita essa coisa do «gosto muito de ti! És a mulher da minha vida! Quero que este momento não acabe nunca». Mas é tão ou mais importante serem ditas frases como:
- O teu cheiro excita-me! És uma prostituta de grande categoria!
Ou, se quiserem elogiá-la com finíssimo recorte e bom gosto, experimentem:
- És mais apertadinha que um rebite de submarino!
in 50 Anos de Carreira de Fernando Alvim
4 comentários:
É mesmo um texto à Alvim... este homem parte-me o côco... só diz é disparates... mas disparates com sentido, isso é que é estranho...lol
vai publicando mais textos Chilli que eu não me canso de ler as barbaridades do Capitão Alvim...
xD.....estou a rir....tanto...posta mais....
Psipunisher
Ahah, está demais! xD
Muito bom, qual Eça de Queiróz... Fernando Alvim!
Renato7
"És mais apertadinha que um rebite de submarino!"
looooooooooooooooooooool
Este Alvim é um génio!
CyaZ
Enviar um comentário